sexta-feira, 25 de julho de 2008

Poema e só

Que fazer?

Sua pele é diferente da minha
Altura, estilos e gostos
Momentos e seus tempos
Beleza, ah! bonita, como é linda

Sua perspectiva é semelhante
E por aqui nisso paramos
Por que a hora é outra
O contraste é o que interessa agora







Ai contraste, que delícia.

Ai já é demais

Aí já é demais

Além da noite intensa, estranha
Confusa, meio torpe, satisfatória
De acordo com a expectativa tacanha
De ir além da, ou lembrar, a memória
Além de ontem

Além da falsa admiração ignorante
Ou do pensado espanto científico preciso
Com a mão no queixo e um murro adiante
No estômago cheio de degustações que preciso
Além disso

Além da droga, o nariz, a boca, a boca
Meio suja, tosca, amarrotada, feito o rosto
De satisfação. Babando um pouco do que fora
Aquilo repetido e inovador, o sol fosco
O sol fosco, o brilho do sol, do sol, fosco!

Aí já é demais
Não existem imagens
Nem ritmos
Nenhum sentido

O poema acabou dentro de você
O visto, escrito, ouvido, até
O escatológico, provocador, vê?
Não há o que dizer...,pena






A cena é a seguinte:

Olhando pra platéia, falando à vontade, um pouco provocador.

Descobrindo cada um na platéia, com um gosto de satisfação e superioridade, de um viciado que adora ser.

Vem a parte ruim do vício, causa nojo na platéia, mas que mesmo assim, bem arrumada, preparada para a arte, se identifica e sua, estranhada.
Antes do Sol, olha pra ele. "O sol fosco", com olhos fustigados pelo sol, com o braço pra ajudar. "O sol fosco" mais devagar, do mesmo jeito. "O brilho do sol" sem o braço, um regurgito. "do sol" abrindo os olhos. "fosco!" quase acostumado

Confuso e fustigado pela luz as vezes, as vezes não, muito confuso e puto da vida. Desolado. "nem ritmos" sem sentido, pernas bambas.

Ganha energia, pra platéia. "O poema acabou dentro de você" para si mesmo."O visto..." pra cada um da platéia, apontando. "Até o escatológico" a mão na bunda. "O provocador" a mão no saco, com muito prazer."vê?" com muito tesão."Não há..." Tudo cai, inerte, braços balançando."pena" senta e volta a fazer o que estava fazendo.

Então vamos falar de música

Tá certo, não importa pra que serviria esse blog, mas o lance é que deu vontade de escrever e deixar e algum lugar pra poder reler. Pessoas pra lerem isso é difícil, eu não me daria ao trabalho, nem de fazer isso acontecer, mais por que dá trabalho mesmo, nem de ler o texto de alguem que não se daria ao trabalho de fazer ter o trabalho. De qualquer forma acho que tendência é mesmo sempre trazer pro campo do trabalho, então vamos falar de música logo!
O Titãs vai lançar um disco. Vi lá num programa da MTV. Alias, boa parte do programa é a crise dos artistas de como lançar, a industria, a arte, essas coisas. Beleza! Tudo isso faz diferença, na produção artistica, assim como um parente que morre, um acidente, o 11 de setembro, a Isabela. No entanto, no que importa, que diabos eles fazem? A dúvida é se ainda são e têm o espírito punk de não se preocupar com a complexidade da música e dos instrumentos, de fazer algo mais rasgado e institivo, algo mais adolescente, depois de 20 anos de banda. De que agora é a hora de refletir, mas que todos eles se entendem democraticamente, e de que uma banda de rock é difícil de se lidar, e que todos eles, como banda nacional, que vendeu 250 mil discos do cabeça Dinossauro têm, de falar do epitáfio, dos políticos corruptos ou da dicotomia Polícia e Ladrão, por que, afinal de contas, são pessoas bem formadas e não são maniqueistas.
Mas e a música, que mal lhes perguntem? E toda a produção pensada, trabalhada, que parte de uma idéia, vem pra música e volta pra idéia, e volta pra música, o que diabos eles querem dizer, por que fazer um novo disco, pra quem, pra que, e, o mais importante, qual a diferença da idéia e pretensão pra que saia algo de novo desse novo disco ou trabalho? A indústria e como é difícil ganhar grana sem direitos autorais? De como é difícil ter que, pela pressão da gravadora, gravar singles comerciais? De como é complicado fazer um disco com concepção, onde haja espaço para musicas mais rasgadas, mais melodicas, mais fáceis? Mas e a música?
Que tal ouvir Radiohead. Começam no fim do Nirvana, na década de 90. São apropriados como banda melancólica, quase um gótico mais urbano, de computador. E eles fazem isso, melhor disco do milênio e tudo o mais. Daí dois discos estranhos, guitarristas sem guitarras, críticas mais políticas mas sempre confusas, e isso é ótimo, o rock cidadão está morto, só que anda. Daí tudo misturado, uma identidade com um tom em falsete sem medo musical, sem medo. Daí um último disco que, bom, lançado da forma que podia, uma delas, e deu tudo bem, bem pragmático, amplo. O conteúdo é importante ouvir, fundamental, pode mudar conceitos musicais e perspectivas, melhor ser a tropicália ou a jovem guarda? Estava tudo junto, e amplo também. Vamo lá Titãs! larga mão, senta e pensa um pouco melhor, ou não lança essas musicas, peloamordedeus, vai ouvir Radiohead!