sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Cena 2

Entra em cena o palhaço

Tudo bem, dissemos
é o fim dos tempos

Talvez a terra ceda
do peso que empilhamos

Talvez o céu escureça
da fumaça que tragamos
e o Sol, pequenininho, escondidinho
tadinho, vira mais uma estrelinha sem sentido

Cê tá pensando
que eu sou loki, bixo?

Hoje é dia de peça!
nosso tempo persiste!
o círculo não se fecha
ele nem existe!

Mas eu não estou interessado
em nenhuma teoria

que tal o beijo

talvez dessa moça ao lado
talvez desse moço à frente

essa eu já peguei
esse eu já nem sei

ai meu deus, mas que vontade
uhm, vou perguntar a milhagem
carregar essa areia em duas viagens

sei dançar, cantar, mas sou tímido
bem vestido, bonito, também sou rico
carinhoso , forte
tenho um fake no orkut
sou poeta e ator
não cultivo, assim, essa dor
administro, produzo, reviso
extruso, manejo, produto
te levo no papo

mas o que é que eu queria mesmo?

Ah, um beijo
que tal, um beijo
pode ser, um beijo
pode ser?

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Cena 1

Eu nunca vou dizer
eu te amo
(ele olhou pro lado
sorrindo, lindo)

O contraste
toma a cena

Eu não aguento mais
*batem bumbos
quebram pratos
rodopio e tropeços
entra em cena
o silêncio*
(eu, já nem sei mais
não chora, ô desespero)

A respeito do olhar:
um à procura
outro por aí
(ai, mas que perigo)

Sou todos os versos
a vida é quem manda na lira
ela vai e vem
como a bússola
na mão de quem busca

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Jonas (para o Léo)

Jonas sabia fazer aviões de papel
sua irmã dizia: faz mais!
de novo?
mais um por favor. Buááá

Jonas não queria só isso
fez asas nos seus próprios braços
com folhas e galhos secos caídos
da rua, do quintal, do caminho de casa
papel e cola, e muita contorção


andou até a árvore mais alta que conhecia
subiu,
subiu
e subiu

e pulou

e caindo

não caiu

Jonas voou

voou menino como peter-pan
feito um menino-pássaro com penas nas asas
(como deve voar um menino do amazonas)
apertado e feio como o super-homem
tecnológico como faria alguém que constrói prédios também

Apresentação

envoco a vida,
o dia-a-dia,
e como minha mãe dizia

fazendo arte menino?

convoco o que ouço
e o que digo
baixo o palco, subo o pano
penso torto, canto o verso

sejam, vejam, venham
todos e todas

um bocejo
espreguiço
sempre que possível

sejam todos bem-vindos