Rotina
Um mendigo
ao revirar
uma lata de lixo
arrancou o pino
de uma granada
que decepou seu braço
os estilhaços perfuraram
seu olho esquerdo
e destroçaram seus lábios
e dentes, um vira-lata
morreu na hora
Gostava
da vida despedaçada
que o acolhia -
em sua explosiva rotina
Viva, em vermelho vivo
no muro
dois mendigos
largados na calçada
dormindo
indiferentes aos carros que passam
e ao alívio
da brisa
que atenua o calor de dezembro
um vira-lata dorme também
tranquilo
Eu acho um dos melhores poemas que eu li esses tempos. De um cara "novo" né, ou que ainda tá vivo e escrevendo, é de um livro publicado em 2007, apesar de caro, e em geral livro de poesia dar uma dor no bolso, muita coisa sem escrever e páginas em branco, por que eu gosto é de conteúdo, mesmo na forma, vale a pena. Eu gosto e tenho dito, e ponto.
Não gosto de publicar outros, é mais pra mostrar mesmo, e não tenho tido tempo de escrever, espero que passe.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Reconhecimento
puxa o fumo do torpor
sorve entre lábio dedo e pele
preta, opaca cor
na ponta o centro de gravidade
suga junto atentos olhos vermelhos
produzo intermitentes
incontáveis
Deliciosos
de repente riso
te aproximo
reconheço terreno
tateio displicente
testa, têmpora, maça e bochecha
mas sua boca
desiguais lábios parados
indistintos no tom
coração, desenho de criança na metade do caminho
se perde e continua a linha
Inverte em simples traço
e acaba
sorve entre lábio dedo e pele
preta, opaca cor
na ponta o centro de gravidade
suga junto atentos olhos vermelhos
produzo intermitentes
incontáveis
Deliciosos
de repente riso
te aproximo
reconheço terreno
tateio displicente
testa, têmpora, maça e bochecha
mas sua boca
desiguais lábios parados
indistintos no tom
coração, desenho de criança na metade do caminho
se perde e continua a linha
Inverte em simples traço
e acaba
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